Coluna as reflexões de enrico

O peso do fácil

Emilly

23/08/2025

O peso do fácil

Às vezes eu me pergunto se as coisas são mesmo tão difíceis assim…
ou se é a gente que aprendeu a só enxergar o que pesa.

Porque o que é fácil passa meio despercebido. Não chama atenção, não faz
barulho, não provoca crise. O fácil não rende história, nem ocupa espaço
demais na memória. E talvez por isso a gente não valorize. Parece quase
corriqueiro. Invisível.

Não tem alarde para o café que ficou pronto sem derramar. Para o e-mail que
foi respondido sem estresse. Para o encontro que fluiu. Para o carinho que
chegou sem cobrança. A gente não repara no que dá certo, porque o difícil
grita mais alto. O difícil atrasa, trava, exige explicação. O difícil rouba a cena. E,
no fim das contas, dá essa impressão de que tudo é difícil, quando talvez só o
que está acontecendo é que a gente ignora o que é fácil.

Tem um detalhe aí: o que é difícil, por ser raro, a gente trata como
importante. O que é fácil, por ser comum, a gente trata como banal. Mas e se a
gente estiver lendo tudo ao contrário? E se o fácil for exatamente o que
merecia mais atenção?

E aí vem a pergunta final, que me cutuca como um alarme sem soneca: será
que tem coisa que era para ser fácil… mas a gente é que complicou? Só para
se sentir ocupado. Ou para parecer mais forte. Ou, quem sabe, por puro hábito
de sofrer. Porque sofrer, às vezes, dá sentido. Dá assunto. dá pertencimento.
Só que viver assim cansa.

Descomplicar, por incrível que pareça, pode ser o maior desafio. Porque o
fácil, quando a gente não está acostumado, assusta. Parece que tem algo
errado. Parece que é cilada. E aí a gente testa, sabota, questiona. Como se
não merecesse o simples.

Mas talvez mereça, sim. Talvez mereça o que vem sem drama. O que flui. O
que não cobra. Talvez a gente só precise ajustar o olhar. Treinar a atenção.
Para enxergar o que já está funcionando. Para perceber que nem tudo é caos,
nem tudo é batalha.

Nem tudo precisa ser conquistado à força. Isso também é vida. E talvez, seja
a melhor parte dela.



@enricopierroofc

O que ainda não se encaixou

Emilly

31/07/2025

O que ainda não se encaixou


Às vezes a gente sente uma dor e, além da dor em si, vem junto a frustração de
não entender porque aquilo aconteceu. E o problema maior nem é a ferida — é esse
vazio ao redor dela, essa tentativa insistente de dar sentido a algo que simplesmente...
aconteceu.


Nessas horas, surgem os porquês. Por que comigo? Por que agora? Por que
desse jeito? E como raramente vem uma resposta imediata, a mente inventa: culpa,
castigo, carma, azar. Qualquer teoria serve, contanto que nos dê a ilusão de que
existe algum controle.


Mas talvez a coisa mais difícil de aceitar seja justamente essa: que não está sob
controle. E que nem tudo precisa de uma explicação agora. crisipo, um filósofo estoico
de dois mil anos atrás, dizia que tudo o que existe está conectado por uma razão
maior. Uma espécie de lógica universal, que organiza o caos mesmo quando ele
parece gratuito. A gente sofre porque quer que tudo faça sentido já, na hora. Mas às
vezes o sentido vem depois. Ou nunca vem — e, ainda assim, a vida segue.


Olhar para trás costuma ajudar. Tem coisa que doeu tanto lá atrás e que hoje faz
parte de quem a gente é. Tem ausências que ensinaram mais do que qualquer
presença. Tem silêncio que salvou. Tem recomeço que parecia fim. O que crisipo
propunha não era se conformar com tudo. Era aprender a caminhar com o que é,
mesmo quando o que é ainda não faz sentido. Aceitar a dor sem transformar ela num
inimigo. Entender que, dentro de um universo que respira há bilhões de anos, é bem
provável que algumas dores ainda estejam se ajeitando no tempo.


No fundo, é isso: nem tudo que acontece tem que ser compreendido de imediato.
E tudo bem se, por enquanto, ainda parecer solto, desconexo. Às vezes, o que hoje
parece fora do lugar... é só uma peça que ainda não se encaixou.
@enricopierroofc

 

Não somos árvores — podemos nos mover

Emilly

29/07/2025

Não somos árvores — podemos nos mover


Às vezes, a gente fica parado num lugar que já não faz mais sentido. Numa rotina
que sufoca, num relacionamento que desgasta, num emprego que só consome. E,
mesmo assim, permanece. Porque mudar dá medo. Dá trabalho. Dá insegurança.
Só que a gente esquece de uma coisa simples: não somos árvores. Não temos raízes
presas a um só chão. Podemos nos mover. Recomeçar. Tentar outro caminho. Outra
vida. Outra versão de nós mesmos.

Ficar onde não há mais troca, mais alegria, mais verdade… não é estabilidade, é
estagnação. E a gente não foi feito para apodrecer em pé. Foi feito para crescer,
mesmo que doa. Para mudar de vaso, de terra, de céu.
Movimento é sinal de vida. E coragem não é ausência de medo — é a decisão de ir
mesmo tremendo. Não precisa ser uma grande virada de mesa. Às vezes, é só um
passo. Um pedido de ajuda. Uma escolha pequena que muda o rumo de tudo.
Não é fácil sair de onde a gente conhece. Mas às vezes é isso ou se perder de vez. A
vida começa de novo toda vez que você escolhe não se abandonar. E isso, por si só, já
é um movimento enorme.


@enricopierroofc

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