Coluna as reflexões de enrico

O que ainda não se encaixou

Emilly

31/07/2025

O que ainda não se encaixou


Às vezes a gente sente uma dor e, além da dor em si, vem junto a frustração de
não entender porque aquilo aconteceu. E o problema maior nem é a ferida — é esse
vazio ao redor dela, essa tentativa insistente de dar sentido a algo que simplesmente...
aconteceu.


Nessas horas, surgem os porquês. Por que comigo? Por que agora? Por que
desse jeito? E como raramente vem uma resposta imediata, a mente inventa: culpa,
castigo, carma, azar. Qualquer teoria serve, contanto que nos dê a ilusão de que
existe algum controle.


Mas talvez a coisa mais difícil de aceitar seja justamente essa: que não está sob
controle. E que nem tudo precisa de uma explicação agora. crisipo, um filósofo estoico
de dois mil anos atrás, dizia que tudo o que existe está conectado por uma razão
maior. Uma espécie de lógica universal, que organiza o caos mesmo quando ele
parece gratuito. A gente sofre porque quer que tudo faça sentido já, na hora. Mas às
vezes o sentido vem depois. Ou nunca vem — e, ainda assim, a vida segue.


Olhar para trás costuma ajudar. Tem coisa que doeu tanto lá atrás e que hoje faz
parte de quem a gente é. Tem ausências que ensinaram mais do que qualquer
presença. Tem silêncio que salvou. Tem recomeço que parecia fim. O que crisipo
propunha não era se conformar com tudo. Era aprender a caminhar com o que é,
mesmo quando o que é ainda não faz sentido. Aceitar a dor sem transformar ela num
inimigo. Entender que, dentro de um universo que respira há bilhões de anos, é bem
provável que algumas dores ainda estejam se ajeitando no tempo.


No fundo, é isso: nem tudo que acontece tem que ser compreendido de imediato.
E tudo bem se, por enquanto, ainda parecer solto, desconexo. Às vezes, o que hoje
parece fora do lugar... é só uma peça que ainda não se encaixou.
@enricopierroofc

 

Não somos árvores — podemos nos mover

Emilly

29/07/2025

Não somos árvores — podemos nos mover


Às vezes, a gente fica parado num lugar que já não faz mais sentido. Numa rotina
que sufoca, num relacionamento que desgasta, num emprego que só consome. E,
mesmo assim, permanece. Porque mudar dá medo. Dá trabalho. Dá insegurança.
Só que a gente esquece de uma coisa simples: não somos árvores. Não temos raízes
presas a um só chão. Podemos nos mover. Recomeçar. Tentar outro caminho. Outra
vida. Outra versão de nós mesmos.

Ficar onde não há mais troca, mais alegria, mais verdade… não é estabilidade, é
estagnação. E a gente não foi feito para apodrecer em pé. Foi feito para crescer,
mesmo que doa. Para mudar de vaso, de terra, de céu.
Movimento é sinal de vida. E coragem não é ausência de medo — é a decisão de ir
mesmo tremendo. Não precisa ser uma grande virada de mesa. Às vezes, é só um
passo. Um pedido de ajuda. Uma escolha pequena que muda o rumo de tudo.
Não é fácil sair de onde a gente conhece. Mas às vezes é isso ou se perder de vez. A
vida começa de novo toda vez que você escolhe não se abandonar. E isso, por si só, já
é um movimento enorme.


@enricopierroofc

Ser leve não é ser raso

Emilly

18/07/2025

Ser leve não é ser raso


Tem pessoas que entram num ambiente e, sem dizer muita coisa, mudam o
ar. Gente que sorri com verdade, que escuta com presença, que não se
apressa em julgar. São leves. E por serem leves, às vezes são mal
interpretadas. Confundidas com quem não sente, com quem não pensa, com
quem vive na superfície. Mas ser leve não tem nada a ver com ser raso. tem a
ver com saber flutuar mesmo após ter afundado.
A leveza verdadeira não nasce de uma vida fácil. Nasce de quem já
passou por muita coisa e escolheu não carregar tudo para sempre. Nasce de
quem entendeu que viver não precisa ser um fardo contínuo. Que é possível ter
profundidade sem se afogar nos próprios sentimentos. Que dá para ser intenso
sem ser pesado. E que, aliás, ser leve é uma forma de resistência em um
mundo que insiste em nos endurecer.
Tem gente que é leve porque aprendeu a se perdoar. Porque entendeu
que culpa demais sufoca, que autocobrança sem limite paralisa, que remorso
não move ninguém para frente. E então escolheu rir das próprias falhas, amar
os próprios pedaços tortos, acolher a própria bagunça. E isso, convenhamos,
exige uma força enorme.
Ser leve é saber que a vida já é dura demais para a gente se tornar mais
um peso dentro dela. É saber chorar, sim, mas também saber respirar fundo,
sacudir a poeira e seguir. É não deixar que a dor vire identidade. É olhar para o
caos e dizer: isso não vai me consumir inteiro.
Leveza é um compromisso com a liberdade emocional. Com o bom
humor que salva, com a delicadeza que constrói, com a simplicidade que
conecta. Quem é leve não vive fugindo do fundo, só sabe voltar à tona com
mais facilidade.
E, no fim das contas, é essa leveza que permanece. Porque o que pesa
demais, a gente aprende a soltar. Mas o que é leve... a gente quer por perto.
Sempre.


@enricopierroofc

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